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Foto do escritorAndre Andrade

O que é range de mãos?




O poker é um jogo de informações incompletas, onde precisamos tomar decisões baseadas nas nossas cartas, nas cartas da mesa e nas ações dos oponentes. É por isso que a leitura de mãos é uma das habilidades mais importantes que um jogador precisa ter para ser bem sucedido.


Você talvez já tenha visto vídeos como esse abaixo, em que o craque Daniel Negreanu realiza uma leitura perfeita do seu oponente. Negreanu é um especialista nessa área e essa imensa habilidade o tornou um dos jogadores mais vitoriosos da história do poker.


No entanto, situações como essa em que o jogador parece poder ver as cartas do adversário, são raras, e é por isso que usamos o conceito de range de mãos.


O range é definido como a gama (ou o leque) de mãos que o nosso oponente pode ter. Quando as cartas são distribuídas, o range do adversário inclui todas as 2652 combinações possíveis de duas cartas. Conforme a jogada avança, obtemos mais informações que ajudam a filtrar as possibilidades e chegar a uma gama mais precisa. A ideia não é tentar descobrir exatamente o que o adversário tem, até porque poucos tem a habilidade de Negreanu, mas sim chegar até o possível range para poder tomar a melhor decisão.


Vamos analisar alguns dos fatores mais importantes a se considerar na hora de realizar essa filtração, começando pelas características do seu adversário. Jogadores que entram em muitas mãos logicamente têm um range mais amplo, enquanto aqueles mais tight tendem a jogar com uma seleção de cartas mais rígida. Um raise vindo de um jogador tight do UTG, por exemplo, representa uma mão bastante forte, o que é também chamado de "topo do range".


Outro fator a se considerar é o lugar na mesa. Como vimos no artigo sobre as posições, o jogador deve sempre preferir ser o último a falar pós flop. Por isso, raises vindo do small blind ou do big blind, por exemplo, representam mais força, já que seu oponente não jogará em posição. O contrário também vale: aumentos vindos do botão ou do cutoff não necessariamente significam uma mão boa.


O tamanho dos stacks também influencia bastante quando tentamos definir a gama de mãos do adversário. A razão é simples de entender: um jogador com muitas fichas pode se dar ao luxo de ver mais flops e ser mais agressivo, enquanto um adversário com um stack médio provavelmente irá esperar por spots mais favoráveis para investir suas fichas. Importante considerar que um jogador com um stack muito pequeno pode ir all in com uma mão marginal, já que precisa se mexer antes que os blinds passem por ele de novo.


Com todos os fatores considerados, vamos a um exemplo: nos blinds 50/100, você tem 8 mil fichas, recebe par de valetes no UTG e aumenta para 300. O cutoff, que é um jogador bastante ativo e tem 12 mil fichas, dá call e o small blind, jogador muito tight e com um stack de 15 mil fichas, dá raise para 1000.


Sabendo que o jogador no cutoff está entrando em muitas mãos, jogará em posição e tem um confortável stack de 120 big blinds, o range dele nessa situação é amplo, composto de pares pequenos, conectores naipados como 78, àses fracos como A7 e cartas altas como QJ. Ao mesmo tempo, é improvável que ele tenha mãos premium como AQ, AK, QQ, KK ou AA, pois teria aumentado a aposta.


Por outro lado, o range do jogador no small blind é composto principalmente dessas mãos premium, levando em conta que ele participa de poucos potes e jogará fora de posição. É claro que ele pode estar com uma mão fraca, usando a imagem na mesa para levar o pote, mas no poker trabalhamos com probabilidades e nessa situação o mais provável é que ele tenha um monstro.


Você e o cutoff decidem pagar e o flop abre AQ2. Pelo fato de o cutoff ser um jogador bem loose e ter um bom stack, vamos considerar que ele continua com o mesmo range após o call na 3-bet. O small blind continua a agressão apostando dois terços do pote. Nesse momento, a pergunta a se fazer é: como o meu par de valetes joga contra o range do adversário? Considerando o range que definimos para ele, você já está atrás e mesmo que consiga achar um valete nas próximas streets pode acabar perdendo todo seu stack para AA ou QQ.


Você folda e o cutoff paga. Com esse call podemos tirar do range dele os pares pequenos (com exceção do 22) e os conectores naipados, sobrando os àses e, menos provável, mãos como KQ ou QJ. A cada street e ação dos adversários, o raciocínio precisa ser repetido e assim é possível afunilar as possibilidades.


Já deu para entender qual é a ideia: somar todas as informações que você tem sobre os adversários para chegar a uma gama de mãos precisa e então analisar qual a equidade da sua mão contra essa gama, ou seja, qual a sua chance de ganhar o pote ou fazer o outro foldar. O que pode parecer uma habilidade sobrenatural, como no vídeo de Negreanu, é na verdade um processo lógico, que fica mais simples e automático a cada partida que você jogar.


A construção desse leque é também uma das razões pelas quais você não deve entrar de limp na mão, ou seja, só pagando a aposta. O motivo é que isso dificulta bastante a definição do range do big blind, mas aí já é assunto para outro artigo.


Por: Gabriel Grilo

Fonte: Super Poker

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